
Memória encarnada:
Prática dirigida de dança
As práticas dirigidas de dança (PDDs) foram sessões de improvisação com dança organizadas para estabelecer uma conexão corporal para analisar as 13 obras de performance estudadas na tese Memória Encarnada: poética e violência na performance de mulheres da arte contemporânea.
As sessões foram realizadas entre 2023 e 2024, no Brasil e nos Estados Unidos, em 38 sessões, seguidas da escrita de um Diário de Campo com as sensações obtidas, obedecendo aos seguintes fatores:
• Utilização de dispositivo conector com a obra estudada como base da improvisação;
• Busca e exploração de sensações a partir das obras;
• Não mimetizar as coreografias ou a obra, mas encontrar modos de amplificar e explorar sensações;
• Com ou sem estímulos musicais;
• Escrita automática em Diário de Campo ao final de cada sessão;
• Gravação quando possível.
Sem pretensão artística, através das improvisações, foi obtida cada vez mais intimidade com as obras de performance investigadas, chegando a três grandes grupos de sensação: dor, prazer e tempo/repetição.
Com isso, aqui há compilado alguns trechos das PDDs, separadas nestas três sensações a fim de compartilhamento de processo criativo.
Sobre a dor
Tecido na boca levando a falta de ar foi o dispositivo encontrado para Lunares, de Pilar Albarracín. As amarrações no corpo e utilização do elástico foram utilizados para Juegos de Poder, de Regina José Galindo. Saco plástico, bem como a repetição de alguns gestos foi utilizado para Obra sem título – Eu/ela, de Juliana Moraes.
Crédito música: Juçara Marçal e Cadu Tenório, “Eka”.
Composição de Juçara Marçal e Cadu Tenório.
Utilizei esta música para ter unidade no vídeo, mas as PDDs ocorreram com diversas paisagens sonoras e, às vezes, no silêncio.
Sobre o prazer
Toques no corpo e busca da sensação do conforto na pelo foi o dispositivo utilizado para se conectar com a obra Poeiragem, de Preta Kiran.
Crédito música: Bel Air de Forró, “Avec Elle”.
Composição de Rodrigo, Marchevsky, Gaëlle Penault. Arranjo de Yann Le Corre.
As práticas ocorreram com diversas músicas, em sua maioria de forró (baião, xaxado e xote).
Sobre tempo e repetição
Repetições mecanizadas de movimentos, menos e mais complexos, para as obras Uma linguagem de dança e Contar Segundos. Dois dispositivos foram usados em Cebola, o movimentos a partir da vértice das costas e cotovelos e a utilização da cadeira para exploração de apoios. Vídeo de mediação de Dançando no museu, criado e conduzido por mim, em 2016. Ao final, pequena sequencia das repetições improvisadas a partir de Cebola, Uma linguagem de dança e Contar segundos.
Crédito música em Dançando no museu: Chicha Libre, “Sonido Amazônico”. Barbès Records, 2008. Crédito imagens em Dançando no museu: Juvenal Pereira e Antonio Herci. Crédito música em Cebola: Marcia Milhazes e Edson Lopes, trilha original. Crédito música repetições de obras: Esperanza Spalding, "The Longing deep down". Composição de Esperanza Spalding, 12 Little Spells, 2018.
As práticas ocorreram com diversas músicas, entre o som do metrônomo e outras paisagens sonoras.
galeria de imagens

Observações: As obras investigadas "Dopada", "Performance de uma pessoa escrita" e "Repollos" não estão no compartilhamento, como escrito na tese, pois as reflexões sobre elas vieram da experiência da rua da artista em anos de performance urbana, experienciando a vulnerabilidade e encontros que transpassam estas três obras. No caso de "Uma baleia encalhada na praia", uma performance feita para uma mulher grávida, embora tenha testado alguns disparadores da cena, pareceu-me pouco comparado a profundidade da criação.